Friday, February 09, 2007


Gosto de tudo que seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.”
Fernando Pessoa

Conversas não foram suficientes pra suprir sua curiosidade, não bastava às palavras escritas na tela, precisava da presença física pra comprovar a realidade tão digital. A insistência dele (qualidade inata creio eu), me fez chegar mais perto. O lugar mais parecia uma fotografia daqueles quintais antigos, como ele mesmo disse. O clima não estava quente, era uma daquelas noites de primavera que se sente o cheiro gostoso das folhas novas e o vento que mais seria uma brisa suave.
Mas quem é ele afinal? Ele parece nervoso, fala bastante... É educado, gentil, meio sério eu acho, mas tem olhos brilhantes e um sorriso muito sincero, mesmo sorrindo só de vez em quando. Contou-me tanta coisa e eu ali parada olhando pra ele uma pessoa tão próxima, mas ao mesmo tempo tão desconhecida. E fiquei ouvindo aquela fala mansa, as palavras que saiam compassadamente entre um gole e outro de cerveja.
Um elogio veio então, que surpresa! Não esperava. Não era intenção, não havia pretensão num encontro que nem mesmo planejei. Afinal gosto de ser avisada das coisas e dessa vez não fui. E foi então que um beijo aconteceu e aquela boca que era então um lindo sorriso tornou-se num delicioso momento de satisfação e doçura. E agora? O que era tão digital ficou real diante de mim! Se não fosse sua insistência, nem aquele olhos brilhantes, nem a fala mansa, nem o beijo tímido, não existiria o sentimento de saudade que agora me invade. Saudade gostosa de um momento que estará pra sempre guardado na memória, de uma noite em que percebi que palavras e pensamentos viraram uma agradável surpresa.

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home